A falta de informações durante a infância

Aqui na Alfabetização Descomplicada, trabalhamos com crianças diferentes, cada uma com características próprias. No entanto, algo chama muito a atenção: o quanto as crianças têm chegado aqui sem informações básicas sobre o mundo ao seu redor.

Após refletir bastante sobre isso, identifiquei alguns pontos que levam a essa problemática, e é sobre isso que vou comentar hoje.

Observações sobre a Falta de Informação

Um dos exercícios que sempre faço com as crianças é a elaboração de frases, tanto na oralidade quanto na escrita. Percebo que elas têm encontrado dificuldade em fornecer características para completar essas frases.

Por exemplo, o álcool em gel foi amplamente utilizado na pandemia e muitas famílias ainda usam, mas quando pergunto para a criança o que é isso, muitas vezes a resposta é “eu não sei” ou “não me lembro para que serve”. Isso é preocupante, pois algo tão recente já não é mais lembrado.

As crianças estão chegando com poucas informações em uma idade onde deveriam estar mais conscientes sobre objetos e seus usos, cores, locais de encontro, quem utiliza, etc. Mesmo que não saibam, deveriam ao menos parar e pensar para usar a criatividade e fornecer uma resposta.

A Influência das Telas

Cada vez mais cedo, as crianças têm acesso às telas, sem respeito ao tempo adequado para sua idade. As telas são atrativas, coloridas e intuitivas, mas roubam não só a atenção, mas também a criatividade das crianças. Durante o tempo nas telas, elas deixam de realizar atividades produtivas e ligadas à infância.

Muitos pais relatam que suas crianças não estão aprendendo a ler, mas conseguem mexer no celular com facilidade. É importante ter cuidado com essa percepção, pois as telas são projetadas para serem fáceis de usar, não exigindo muita elaboração, ao contrário das atividades fora das telas, que necessitam de mais esforço cognitivo.

Falta de Interação com Adultos

Outro ponto crítico é a falta de interação entre a criança e os adultos da casa. Em vez de estarem nas telas, as crianças deveriam estar em contato com adultos, conversando e recebendo informações valiosas sobre o ambiente, o uso de objetos e como evitar acidentes. Por exemplo, atividades simples como lavar um carro ou fazer um bolo podem ser momentos ricos em aprendizado e troca de informações.

Superproteção

A superproteção ocorre quando o adulto faz pela criança o que ela já é capaz de fazer sozinha. Isso está muito relacionado à falta de tempo dos pais e à má gestão desse tempo. Muitos pais, sentindo-se culpados pela falta de tempo, acabam fazendo tudo pela criança, o que impede seu desenvolvimento.

Soluções

Para melhorar essa situação, é necessário repensar alguns pontos:

  1. Telas: Deixar as crianças usarem telas apenas pelo tempo indicado para sua idade.
  2. Interação: Promover momentos de interação entre adultos e crianças, envolvendo-as na vida familiar.
  3. Superproteção: Os pais precisam lidar com sua culpa e permitir que as crianças desenvolvam suas habilidades de forma independente.

Quando os pais estabelecem limites e rotinas sem culpa, as crianças recebem bem essas estruturas, essenciais para sua segurança e desenvolvimento. Crianças informadas, participativas e criativas reconhecem o meio em que vivem e o uso dos objetos ao seu redor.

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